quinta-feira, 2 de abril de 2009

ARTILHARIA - CANHÃO M3 ANTI TANK DE 37mm DE 1942







A um ano mais ou menos, localizei este canhão anti-tanque no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma peça de artilharia anti-tanque modelo M3, ( M3 ANTI-TANK GUN) fabricado em 1942, de calibre 37mm. Esta arma, apesar de ter sido considerada até certo ponto ineficiente em diversos aspectos, em especial na sua principal utilização, a destruição ou incapacitação de veículos blindados, foi largamente utilizada pelo exército americano e seus aliados, utilizado em todas as campanhas, com destaque para a campanha do pacífico, e especialmente adotado em um front muito conhecido por nós brasileiros, O front italiano.
Após algumas negociações, adquiri a peça, feliz por agora possuir e poder preservar para as gerações futuras um item tão significativo e emblemático da 2a. guerra, apesar de consultar antes um amigo meu, historiador, pesquisador e grande conhecedor da 2a. guerra mundial, e mais especificamente, da FEB, a Força Expedicionária Brasileira, unidade do nosso exército que integrou o 5 exército norte -americano na campanha da Itália, na segunda guerra mundial, sobre a qual ele tem alguns livros publicados e ele me garantir que nossa força expedicionária não utilizou esta arma, e sim os canhões 57mm,. Bom, fico na dúvida se não empregamos esta arma, o M3 37mm, pois o museu do 11 Regimento de Infantaria de Montanha, de São João del Rey, unidade que integrou a FEB, possui dois exemplares em exposição, além de alguns outros exemplares expostos em outros museus militares, como no Forte de Copacabana (1 peça em exposição) e no Museu do Exército Conde de Linhares (2 peças em exposição). Fontes pesquisadas por mim informam que oficialmente, apenas 3 M3 foram enviados, a título de pagamento de empréstimos de guerra, para avaliação das nossas forças armadas. 3 peças. Bom, eu mesmo conheço por volta de 9 M3's diferentes, em locais diferentes, além de relatos de outros espalhados por aí. Assim sendo, alguma informação, não sei qual, está errada. Por fatos que descreverei abaixo, acredito que, se a FEB utilizou os 57mm, no mínimo teve contato ou treinamento com os 37mm também, e os trouxeram de volta, pois não vejo outra explicação para termos tantas peças M3 37mm espalhadas pelo Brasil.
O pesquisador norte-americano Steven j. Zaloga, em seu livro "US anti-tank artillery 1941-45" diz, no capítulo referente ao combate anti-tanque na Itália, que devido a topografia do país, e, consequentemente, seus campos de batalha, serem extremamente acidentados, montanhosos, as unidades anti-tanques preferiam as peças de 37mm M3, por serem extremamente mais leves e manobráveis em relação às de 57mm. Sobre o canhão 37mm, após a Campanha da Sicília, o general norte-americano George S. Patton escreveu:
"Se um projétil com um efeito de maior penetração puder se desenvolvido para o canhão 37mm, este será efetivamente superior ao 57mm como arma anti-tank ofensiva... ele pode ser rebocado por um simples jipe (1/4 ton Truck) (...) O 57mm tem de ser rebocado por half tracks ou caminhões (3/4 ton truck) Segundo, com o número limitado de soldados disponíveis, o 57mm não pode ser carregado/empurrado por nenhuma distância por este péssimo terreno, ao passo que o 37mm pode. Com o uso da munição atual, o 37mm é mortífero contra os tanks até 400 jardas de distância."
O canhão M3 estava sendo substituído desde a primavera de 1943 pelas peças de 57mm, mas, por ser considerado um front secundário, o front italiano não tinha prioridade no recebimento e substituição de material. Assim sendo, 0 5 exército americano, comandado pelo General Mark Clark, e ao qual a FEB estava integrada, tinha mais canhões 37mm do que 57mm, e os relatórios oficiais indicam o uso dos M3's até o fim de 1944. Em novembro de 1944, em Florença, foi realizada uma conferência com os membros das unidades anti-tanque do 5 exército, (5th army tank destroyer conference) a grande maioria oriunda do desativado 805 batalhão de destruição de tanques. Ao final desta conferência, foi relatado diretamente à Washington:
"A conferência tem a opinião unânime de que um batalhão rebocado é insatisfatório e enormemente inferior em relação à um auto-propelido. Eles (As peças acima de 57mm) não podem ser manobradas eficazmente ou avançadas na àrea de combate. os homens não podem ficar com as peças rebocadas"...
Os números comprovam a experiência de combate relatada acima. As perdas de armas anti-tanque do 5 exército, de 09 de setembro de 1943 até 09 de maio de 1945 foram de 167 37mm, contra 259 57mm, além de 58 canhões de 3 polegadas, estes foram recebidos e empregados em número muito menor que os outros modelos, não havendo grandes dados a respeito dos mesmos sobre sua utilização na Itália .
A produção dos canhões modelos M3 e M3A1 durou de 1940 a 1943, quando começou, ainda em 1943, a produção dos 57mm. e o total de peças produzidas foi de 18.702 unidades, assim distribuídas:
1940: 340 unidades
1941: 2.252 unidades
1942: 11.812 unidades
1943: 4.298
O seu projeto data de 1937, quando, após severas observações sobre a guerra civil espanhola, foi percebido o largo emprego de unidades blindadas, e se detectou a necessidade de uma arma de artilharia anti-tanques de rápida cadência de fogo e boa capacidade de manobra. Assim sendo, pelos resultados obtidos / demonstrados em combate na mesma guerra civil, a escolha do exército norte-americano recaiu para algo que fosse próximo à arma utilizada em combate pelos espanhóis, e adquiriu uma peça de 37mm Alemã, o Rheinmetall 37mm PaK 36 para que servisse de base para seu projeto próprio, e enviou-o para o campo de provas de Aberdeen em maio de 1937.
Em 09 de setembro de 1937 foi dada a autorização para a construção de protótipos funcionais, e nasceu o canhão 37mm. T3 com suporte / reboque T1. Divergências entre as forças levaram a um novo reboque modificado, chamado T1E1. Os testes realizados em Aberdeen revelaram muitos defeitos, em especial a instabilidade do reboque. 4 diferentes designs foram testados e um novo reboque, designado T5, foi testado como tentativa de substituir e superar os defeitos do T1. No verão de 1938, o consenso foi de que a melhor combinação era o modelo de canhão T10 com o reboque T5. Esta combinação foi oficialmente adotada em 15 de dezembro de 1938 e foi designada canhão 37mm M3 com suporte/reboque M4, e sua produção começou lentamente, sendo a arma fabricada no Arsenal de Watervliet e o reboque no Arsenal de Rock Island.
Em 1941 foram notadas deficiências no reboque, e em 29 de Janeiro de 1942 começou a produção do modelo M4A1 , que se tornou a versão mais comum.


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